Reinos da Poesia
Reinos da Poesia
Parecida com os sinais do corpo sedento,
Que, para não morrer, precisa de alimento,
É a necessidade constante da minha alma,
Esta que, deveras, apenas a pena acalma.
Debruço sobre a carcomida escrivaninha,
As horas transfazem em noites inteirinhas,
Discorrendo nas infindas proezas do amor,
Ou a tristeza, que sempre se segue à dor.
Quando os olhos sucumbem ao cansaço,
Então me faculta encontrar algum espaço,
Para adormecer abraçaço à radiosa aurora,
Que, após a fantasmagórica noite, vigora.
Então me entrego aos fantásticos sonhos,
Por belas dimensões ou reinos medonhos;
É nesse plano que a minha alma se extasia,
Já que lá, até o que é feio se torna poesia.
A inspiração brota nesse plano esquisito,
Onde o zanzar da pena torna o feio bonito.
No onírico inominável de divas e castelos,
A poesia alimenta esses reinos paralelos.
Nardélio Luz
190224
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