domingo, 29 de agosto de 2021

A Visita



A Visita

 

Entrou um beija-flor em meu quarto,

Bichinho bonito, da cor da esperança;

E ao reverenciar o seu voo magnífico,

Me pego sorrindo como uma criança.

 

Não poderia haver melhor emissário,

E apeteço crer que veio para anunciar,

Que embora tudo pareça cinza agora,

As pessoas e as coisas vão melhorar.

 

O que mais carecemos neste momento

É crer em Deus... É nossa fé exercitar;

Por mais caótico que esteja o quadro,

Como tudo mais, decerto vai passar.

 

Que sejam deveras ótimos presságios,

O novo dia e a visita do nobre colibri;

Há que se confiar em tão bom adágio,

E fiar-se que boas novas estão por vir.

 

Nardélio Luz

290821


 

domingo, 22 de agosto de 2021

Desgosto



Desgosto

 

Nas lembranças, o frio e cruel agosto,

Um infausto mês que jamais esqueci;

Mas nem todo oitavo mês é desgosto,

Hediondo foi aquele no qual te perdi.

 

Um atípico vento frio judiava da tarde,

Num prenúncio do que eu viria passar;

Então veio a dor e rasgou minha alma,

Fazendo o meu triste coração sangrar.

 

Tu levaste coisas importantes contigo,

Deixando às cinzas o meu belo jardim;

Cheiros, cores, a poesia... tudo se fora!

Tudo o que tinha relevância para mim.

 

Suponho não ter sido por tua vontade,

Decerto era algo para ninguém opinar;

Verdade é que, tendo ou não intenção,

Levaste a minha capacidade de amar.

 

Restou em meu peito um gélido vácuo,

Uma mistura ácida de dor e desgosto;

A perpetuar um vil e inexorável vazio,

Desde aquele frio e hediondo agosto.

 

Nardélio Luz

150821