terça-feira, 29 de março de 2022

As Flores


As Flores
 
Ah! Como amo as flores!
 
Com suas infindas cores
Não possuem pudores
Rimam com amores
Desfazem rancores
Aliviam certas dores
Afastam temores
Verdadeiros primores...
 
Por mim plantadas
Com amor regadas
Sempre imaculadas
Pelo orvalho molhadas
Pela chuva lavadas
De alguém ganhadas
Ou por mim dadas...
 
De perfumes envolventes
De amores ausentes
Nos tornam contentes
Envolvem os carentes
Em jardins inocentes
Nas noites quentes
Ofertam novas sementes...
 
Como amo as flores!
 
Nardélio Luz
290322


 

quinta-feira, 24 de março de 2022

Amo do Meu Jeito





Amo do Meu Jeito

 

Ah, amar, amo demais! Amo do meu jeito...

Deste modo forte que nem dá pra mensurar!

Amo sem limites, sem qualquer preconceito,

E nem sei se existe um outro jeito de amar!

 

Amo assim, todo bobo... Fácil de declarar,

Sob a chuva caudal, que molha meu violão.

― Creia, diva minha: eu existo para te amar,

Mas com o choro perco o ritmo da canção.

 

Oh, querida, estas são lágrimas de alegria;

Desde o nosso reencontro, se foi a tristeza,

O prazer vive conosco, seja noite, seja dia.

 

Há muito o digo, sem delongas ou rebeldia,

Que amo te amar. E a minha única certeza,

É o desfrute da tua prazerosa companhia.

 

Nardélio Luz

240322

 


 

sábado, 19 de março de 2022

Aprendendo



Aprendendo
 
É indubitável que venho, desde que nasci,
Aprendendo muitas coisas, muitos valores;
Na realidade, tenho aprendido desde antes,
Em várias e variadas existências anteriores.
 
Mas, por ora, vou falar apenas desta vida...
É a que lembro, e que importa no momento,
Na qual conheci pessoas de pura amargura,
Que vivem para infligir grandes tormentos.
 
Ainda há quem apronta sem antes pensar,
E depois apenas se esquece do que foi feito;
Não bastasse, culpa o outro por não o amar,
Como se santo fosse, e tivesse esse direito.
 
Também há seres desprovidos de empatia,
Que não creem, tampouco praticam o bem;
Esses se esquecem que estão envelhecendo,
E no final irão precisar dos outros também.
 
Pobres diabos, que não conhecem gratidão,
Nem se importam com aquilo que semeiam;
Em seu tempo irão colher o que plantaram...
Terão nas tuias exatamente o que cerceiam.
 
Em contrapartida, o bom é que ainda tem,
Muita gente de alma limpa e bom coração...
Que consideram o coletivo mais importante,
E reconhecem o desconhecido como irmão.
 
De minha parte, eu não sou bom nem mau,
Ainda preciso de muito saber para melhorar;
Vou aprendendo que antes de ser perdoado,
Necessário é que também aprenda perdoar.
 
Nardélio Luz
190322
 

sexta-feira, 18 de março de 2022

Joaninha



Joaninha
 
― Eu sempre dancei sozinha essa linda
Valsa que todos costumam chamar de vida.
― Ela disse, com uma expressão amarga
Naquele olhar belo, porém tristonho.
 
― Na verdade, querida, você nunca esteve
Sozinha! ― afirmei a ela, com convicção.
É que quem estava bailando contigo,
Geralmente, é invisível aos olhos.
 
A expressão soturna se transformou
Em um grande e resplandecente sorriso.
Por minha vez, percebi que não precisamos
De muito para contagiar os outros.
 
O bem, em todas as suas versões, fala por si,
E poucas palavras carinhosas e sinceras,
São capazes de tranquilizar corações aflitos
E aliviar almas tristes e deprimidas.
 
E aquela que, carinhosamente chamo de
“Joaninha”, agradeceu e seguiu seu caminho.
E eu segui o meu, com uma nítida impressão
Que aquela manhã mudara e também sorria.
 
Nardélio Luz
180322


 

quarta-feira, 16 de março de 2022

O Portal



O Portal
 
Existe um velho portal oculto,
Só ultrapassado quando sonha,
Que leva a um reino ancestral,
Onde moram coisas medonhas.
 
Lá também existem coisas belas,
Depende de cada subconsciente;
Da bagagem que guarda à fundo,
No recanto profundo da mente.
 
Há coisas que ficam dormentes,
Que só no onírico são libertadas,
Quando o consciente adormece,
E vis correntes são quebradas.
 
A ignorância faz-se uma bênção,
Para ninguém reparar ao entrar,
Pois todos têm um dia definido,
Quando não mais sairão de lá.
 
Nardélio Luz
160322



 

segunda-feira, 14 de março de 2022

Princesa



Princesa
 
Tão pequena, tão inocente,
Por doces sonhos embalada;
Levantava logo, bem cedinho,
Os passarinhos a despertava.
 
Beijo na mãe, beijo no pai...
E corria cheirando as flores,
Enquanto afagava sorrindo,
As orelhas dos seus amores.
 
Ela é tudo que o nome diz,
A astuta e amável princesa;
Ora a calma ora o furacão,
Um portento da natureza.
 
Hoje é esposa, é mãe feliz,
E continua amando a vida;
Embora haja dias cinzentos,
Ainda é a mesma querida.
 
Continua cheirando flores,
Como quando era criança;
E o passatempo preferido,
É relembrar sua infância.
 
Nardélio Luz
140322








 

quinta-feira, 10 de março de 2022

De Outra Vida




De Outra Vida
 
Seria apenas uma metáfora?
Ou fato? Como poderia dizer?
Eu não sei explicar bem como,
Mas sinto a magia em você.
 
Sim, entendo a tua surpresa,
Por eu chegar sem um porquê,
Mas certas coisas se explicam,
E tenho tanto para te dizer!
 
Esta música foi pra nós dois,
Portanto, sobre ela flutuamos,
Nossos corpos se encaixam...
Nossas bocas: nos beijamos.
 
Ainda que a emoção cresça,
Logo teu coração se acalma,
Pois nossa junção é tamanha,
Que pode senti-la na alma.
 
É preciso que compreenda
Que o nosso amor, querida,
Não se deu nesta existência,
Mas sim numa outra vida.
 
Soube no distante pretérito,
Que haveria um novo porvir,
E jurei que pra todo sempre,
Estaria esperando por ti.
 
Nardélio Luz
100322


 

quarta-feira, 2 de março de 2022

Força & Sensibilidade



Força & Sensibilidade
 
Ainda me lembro da animação ao conhecer-te!
És formosa, loira; porém a conheci era morena.
Lembro bem a época... da tua pele, da tua boca,
Do perfume, que até hoje é o mesmo: açucena.
 
Não foi nada fácil, porém com esmero consegui
Seduzir-te. Aquela foi a façanha da minha vida!
A noite ideal... nossa música, a dança, os beijos,
A cama... Lembra-te bem, minha diva querida?
 
Agora, a minha boca desce das tuas rijas colinas
Até encontrar os pelinhos sedosos, acima da flor.
Uma pausa na orvalhada rosa, vermelha e rosa...
O tufo ainda é negro e macio: um floco de amor.
 
As pétalas mais viçosas e trêmulas que provei,
Às quais anseio por beijar, lambuzar no teu mel.
Afago teu pranto quente, quando implora rouca,
Para levar-te ao êxtase, e transportar-te ao céu.
 
Não há adjetivos suficientes para compor-te...
És a minha afável deusa: uma fêmea sem igual!
A ninfa que me deixa febril, sem estar doente...
Loba, cujos gemidos vão de frugal ao gutural.
 
A força da pantera, a sensibilidade da borboleta,
Mais que uma amante: és verdadeira divindade.
Aquela que me possui de corpo, alma e coração:
Fera no cio, que mesmo juntos, sinto saudades.
 
Nardélio Luz
260222