Abismos

Abismos
 
Estou tropeçando à beira de abismos,
Abraçado por uma inclemente escuridão.
Na mente perturbada, os vultos sem faces
De seres desprovidos de alma e coração.
 
Nesta delirante paisagem extraterrena,
Vis rios de águas oleosas que não correm;
O ar frio é insalubre e recusa os pulmões...
Lar de mortas criaturas que não morrem.
 
O insano pesadelo que me trouxe aqui...
A esse antro lúgubre, de loucura sem fim,
Se arrasta da minha própria decrepitude,
Das coisas que habitam dentro de mim.
 
Não existe graça, nem qualquer poesia,
Só a doença para a qual não há hospital;
Essa voracidade devorando as entranhas:
Bestas inomináveis, no vazio existencial.
 
Ora elas gargalham nos meus tímpanos...
Ora murmuram que são tristes criaturas;
Noutras o sepulcral silêncio é dominante,
Tal deve ser a eternidade na sepultura.
 
Não há coesão em meus pensamentos...
Só esse entorpecimento a me empurrar
Para os abismos dos quais tentei fugir,
E agora retornam para me buscar.
 
Nardélio Luz
291223
  

Versos Apaixonados

Versos Apaixonados
 
Incrível como o tema desse literato sarau
Veio de encontro à uma saudosa realidade,
Que permeou durante um magnífico tempo
A minha mais vigorosa e sonhadora idade.
 
Quando o romantismo já quase desaparecia,
Como o recurso natural de agradar a amada,
Alguns pobres loucos como eu ainda usavam
Versos ungidos pelo sereno das madrugadas.
 
“Fale comigo com seus versos”, diz o belo tema.
E ela chorava de alegria com a poesia e o violão;
Os amigos diziam que amar assim era exagero,
Era evidente que não entendiam nossa paixão.
 
Não eram tolas as nossas cartas e bilhetinhos,
Aguardados com ansiedade e tamanha pressa;
Quando se ama, outras opiniões não importam,
Só os sentimentos dos amantes que interessam.
 
Eu era apenas um autodidata, amante das artes,
Sem formação, até os poemas escrevia errado...
Ela, letrada e gentil, lia os meus singelos versos,
Como se neles meu coração estivesse gravado.
 
Éramos tudo um para o outro e, quando juntos,
Os nossos corpos formavam um único universo,
Mas se nos separávamos, a magia permanecia,
E nossas almas se amavam através dos versos.
 
Nardélio Luz
020823

 

Ânsia

Ânsia
 
Que saudades imensas de você!
Mesmo sem sua pele ter tocado,
Sem pessoalmente poder te ver,
Vivo neste desejo exacerbado.
 
Como pode ser tão forte assim!
Você ser assim tão importante?
Às vezes até estranho em mim,
Esta vontade a todo instante.
 
Você aí absorta, tão distante...
Não se lembra, mas me lembro,
Deste amor de amada amante,
Do inicial janeiro a dezembro.
 
Mas como é bom amar assim!
Mesmo no frio da madrugada,
Fica este fogo dentro de mim,
Aceso por você, minha amada.
 
Nardélio Luz
261223
  

Utopia Natalina

Utopia Natalina
 
Meus reais desejos são para que
O mui benévolo Espírito Natalino
Alcance e abrace a todos os povos,
Como o exemplo do Deus-Menino.
 
Que ele não esqueça de ninguém,
Não importa qual estado ou cenário:
Mansão, casebre, hospital, sarjeta...
Do extrovertido ao mais solitário.
 
Que o nosso ilustre Aniversariante,
Doravante, não seja tão desprezado;
Que o amor seja o melhor presente
E Seu maior desejo seja realizado.
 
Que a paz impere entre as famílias
E irmãos possam perdoar os irmãos;
Que o amor entre os pais e os filhos
Seja princípio e exemplo de união.
 
Que aquele sujeito desconhecido
Não seja ante julgado como inimigo,
Mas como quem se tiver uma chance
Pode vir a ser o seu melhor amigo.
 
Que ele visite as funestas trincheiras
E troque as armas por músicas e flores,
Tocando os corações dos responsáveis
E cessando guerras, mortes e dores.
 
Que a abastança dos privilegiados,
Que às vezes acaba em desperdícios,
Alcance os pobres e desfavorecidos,
Bravos sobreviventes de sacrifícios.
 
Que para todos os seres de Deus,
Sendo eles irracionais ou humanos,
A magia não seja somente no Natal,
Mas permaneça por todo o ano.
 
Nardélio Luz
241223
  

Pets

Pets
 
Alguns creem que não temos alma...
Outros acham que nem sentimos dor.
Pessoas diferentes, difíceis de agradar,
Nem conhecem o significado do amor.
 
Jogam fora nossos pequenos filhotes,
E nem ligam para os nossos lamentos.
Alguns afogam os pobrezinhos no rio...
Seres secos, despidos de sentimentos.
 
Quando querem estamos à disposição,
E até esquecemos de seus maus tratos;
Tentamos ser os seus melhores amigos,
Sem retribuição desses seres ingratos.
 
Mas nem tudo, nem sempre é tristeza,
Existem humanos bons... maravilhosos,
Desprovidos de prepotência e egoísmo,
Nos defendem e são amigos amorosos.
 
Tratam-nos como membros da família,
Cuidando e amando, tal como deve ser;
E quando nos reunimos aos ancestrais,
Sua dor é genuína, difícil de descrever.
 
Nardélio Luz
211223
 

Grito do Coração

Grito do Coração
 
Às vezes eu confundo o som do meu coração
Com os impulsos exacerbados da minha razão.
Eles são distintos, eu bem sei, mas o primeiro
Supera a segunda, me dominando por inteiro.
 
A razão afirma que se tentar de novo sofrerei,
O coração grita que te ama, mas disso bem sei.
O fato é que apesar de viverem conjecturando,
O coração e a razão terminarão se entregando.
 
Eu sei que você também tem dúvidas e medo,
Mas vou arriscar, e acho que também deveria,
Afinal, todos os corações escondem segredos.
 
Arriscamos ou ficamos sofrendo de saudades,
Pois sentimentos assim não nascem à revelia,
Então eu prefiro apostar na nossa felicidade.
 
Nardélio Luz
061223 

Cúmplices & Confidentes

Cúmplices & Confidentes
 
Óbvio que sinto muitas saudades de você
E daquelas nossas estripulias na mocidade!
Tempo em que tudo era muito mais simples,
E não existiam tantas drogas nem maldades.
 
Acaso lembra das troças “Jerry & Geiby”?
Vocês eram arredias como legítimas onças!
Foi criação daquele primo que você amava,
E nasceu a dupla: Geibiraca & Jeringonça.
 
Na colheita do café, eu com pressa para ir
Embora, e vocês duas pegando no meu pé,
Até que me obrigaram a pegá-las de jeito,
E esfregar suas cabeças nos sacos de café.
 
Brigávamos sempre, mas fazíamos as pazes,
Éramos a unha e a carne, verdadeiramente;
Até arriscávamos uns beijos vez ou outra,
Mas só amigos, cúmplices e confidentes.
 
Nessa época eu já ensaiava alguma escrita,
Você também, e já gostava tantão de me ler;
Como nas heroicas histórias em quadrinhos,
Confidentes para sempre nós juramos ser.
 
Nas festas éramos os primeiros a chegar...
Já esperavam que decidíssemos o que fazer.
Éramos meio que líderes não eleitos, e após
Irem embora, ainda ficávamos eu e você.
 
Assim, fomos aos poucos nos descobrindo,
E era praxe curtir um ao outro até a aurora;
Foi deveras uma pena termos nos afastado,
Porém, esse já é tema para outra história.
 
Nardélio Luz
191223

 

Saudades de Você

Saudades de Você
 
Sinto saudades de você de manhã...
Saudades no meio da tarde de chuva
Ou mesmo com um sol para cada um.
Eu sinto saudades a toda hora e lugar,
Até no amanhã que ainda vai chegar.
 
Já tentei com muita força te esquecer...
Aproveitei-me de algo que veio de você,
Mas nem assim consegui esse propósito.
Você se provou realmente inesquecível,
E não atoa tem meu amor imperecível.
 
Transitei por árduas estradas até aqui...
Longas, largas, estreitas... de todo tipo...
E durante esta calejada jornada mestral,
Devo confessar que muitas reencontrei,
Não obstante, só você, realmente amei.
 
Hoje, sem ressalva ou arrependimento,
Reconheço meus sentimentos ancestrais
E me rendo de corpo e alma a este amor.
E se por acaso necessitar de explicação:
Você é dona da minha alma e coração.
 
Nardélio Luz
021223

 

Entediado

Entediado
 
A fome e o enfado são incômodos crescentes;
Na verdade, muito mais o enfado do que a fome.
Estou cansado de insistir em uma causa perdida
E poupar seres que não merecem meu respeito.
 
As pedras mudas dessas frias paredes milenares
Atestam meu esforço para continuar nas sombras
E não me alimentar das criaturas vis do vilarejo,
Que nem sequer fazem ideia da minha existência.
 
Se ao mesmo desconfiassem que ainda existo,
Certamente não dormiriam, tampouco sonhariam;
Suas noites seriam assoladas por negros pesadelos
Ou vigílias intermináveis, de forcados em punhos.
 
Escolhi abdicar da nutricional dieta humana
Para me alimentar dos pequenos filhos da noite.
Seres inocentes, vivos, que sangram e sentem dor;
É indecente acreditar que possuam menor valor.
 
Seu sangue doce não possui o azedume humano,
Então pode ser a hora de voltar a me nutrir do mal.
Preciso cessar esta protelação e tomar uma decisão:
Retornar à antiga dieta ou morrer de inanição?
 
A voz doce de Piaff me faz bem enquanto espero.
Da janela mais alta, observo a mortalha de trevas
Cobrindo aos poucos a floresta e o vilarejo além.
É chegada a hora de quebrar o silencio da noite.
 
Nardélio Luz

071223

 

Divagando

Divagando
 
É óbvio que a realidade às vezes
É sufocante, áspera e dura demais.
Mas creio ser assim por uma razão:
Aprendemos ou ficamos para trás.
 
A ociosidade não ensina ninguém,
E estamos neste mundo para evoluir;
Se ficarmos estacionados na moleza,
De que valeu, então, estarmos aqui?
 
Quando a realidade pesar, sonhe!...
Seja na música, poesia ou outra arte.
Se estiver cansado das coisas, sei lá...
Use a imaginação, viage para Marte.
 
Nos sonhos nós podemos ser tudo,
Ainda que pareça não sermos nada;
Depois, seja para o louco ou sortudo,
Restará só o além no fim da estrada.
 
Reencarnação... Uma nova chance?
É fé que pode ser sonho ou realidade.
A certeza é que já que estamos aqui,
Devemos usufruir da oportunidade.
 
Nardélio Luz
051223

 

Amor no Orvalho

Amor no Orvalho
 
Sou despertado pelo frio do sereno e,
Ao abrir os olhos na tênue penumbra,
Miro as gotas de orvalho nos arbustos:
Brincos de diamantes sob a luz da lua.
 
As lembranças retornam rapidamente
E observo o lenço sob a relva amassada;
Já estava úmida quando fizemos amor
Na cama de orvalho. Amor de amigos?
 
Nas festas, nas excursões, nos bailes...
Há tempos vem pintando sentimentos
Muito além do âmbito dos best friends,
Como o beijo, enquanto dançávamos.
 
Mas, estaria você, agora, arrependida?
Suplico em zelo aos Céus para que não,
Pois não somos mais somente amigos...
A amizade cedeu... e o amor floresceu.
 
Retorno ao acampamento com receio,
Mas ainda ensejando alguma esperança;
E tão logo seu sorriso acena para mim,
Constato que a magia está em nós dois.
 
Nardélio luz
261123 

Tão Nós Dois

Tão Nós Dois
 
Tão bom, que tem nos alimentado...
Tão bom, que nos imaginamos assim,
Sem pudor, debaixo do mesmo lençol,
Impecavelmente branco e perfumado.
 
Tão assim, sereno que nos tocamos,
Mesmo sem nunca termos nos tocado...
Tão...Tão... algo que já existe na gente,
Prova que indelevelmente nos amamos.
 
São sentimentos fortes que crescem,
Inerentes ao queimor dos nossos corpos;
As nossas almas abonam todo o fulgor,
Tais quais estrelas que resplandecem.
 
É tão assim, pele na pele, é tão insano...
Os desejos se desdobrando e crescendo,
Alcançando um grau além desse plano,
Que nos leva do magnífico ao arcano.
 
Dueto

Creusa Lacerda & Nardélio Luz
030623

 

Alameda da Solidão

Alameda da Solidão
 
No 36 da Alameda da Solidão
Está a minha alma despedaçada.
Lá também a tristeza fez morada
E a noite oprime o meu coração,
Desde escurecer até a alvorada.
 
Não se ouvem mais cantorias,
As ledas serestas foram embora.
Não é mais como já fora outrora;
Quando as belíssimas melodias
Se esparramavam noite afora.
 
Exceto pelos ratos e baratas,
Hoje quase nada vive no lugar.
Apenas este semivivo quis ficar,
No convívio da saudade ingrata,
Esperando “ela” vir me buscar.
 
Nardélio Luz
301123
  

A Viagem

A Viagem
 
A viagem dos meus sonhos
Se dá exatamente no onírico;
Parto desse mundo medonho,
Para onde o contexto é lírico.
 
Galgo com prazer as alturas,
Em voo reto para a liberdade,
Onde guerras são conjecturas
E quimeras fazem a realidade.
 
Ali, o egoísmo é inexistente
E até evitam individualidade;
Como sabe toda aquela gente:
Está no coletivo a felicidade.
 
Não existe dor ou sofrimento,
A poesia é vez e lugar comum;
Onde o final se dá no advento,
Indo longe ou lugar nenhum.
 
A dor é lugar que não existe...
O sorriso, única apresentação;
País onde é proibido ser triste,
E o único governo é o coração.
 
Vadio entre nuvens de prata,
Por ora como turista a visitar,
Esperando a chegada da data
Que irei para não mais voltar.
 
Nardélio Luz
221123

 

Autoanálise

Autoanálise
 
Sempre que tenho necessidade, corro para cá,
Para este cantinho especial da minha onerada mente.
Neste recanto de luz, sinto-me protegido das coisas medonhas...
Aqui, a lúgubre escuridão não consegue chegar.
 
Há momentos que é necessário...
Ultimamente têm tido intermináveis momentos necessários.
As trevas parecem maiores, mais fortes, mais ousadas...
Espremem meu cantinho de luz, que por pouco não cede.
 
A luta tem sido constante, o lobo cada vez mais voraz...
Têm algumas horas que dá vontade de entregar os pontos.
Mas penso que, se eu cair, não terei mais forças para levantar,
Então desço da calçada, sento-me no meio-fio e descanso.
 
Aproveito a quietude para uma autoanálise...
Sinto que, na verdade, há muito que estava precisando.
Nisso, reforço que meu umbigo não é o centro do Universo...
Tem gente pior por aí, e ainda assim, lutando bravamente.
 
Têm guerras por aí... inocentes com fome... morrendo...
Têm doentes terminais em hospitais, lutando pela vida...
Tem gente que tem tão pouco e, ainda assim, está dividindo...
Então, bate a vergonha... Me levanto e sigo em frente.
 
Nardélio Luz
241123
 

Pânico na Floresta

Pânico na Floresta
 
A lua pálida tenta mostrar-me o caminho,
Infiltrando-se entre os galhos esqueléticos,
Porém sua tentativa mostra pouca eficácia,
Diante da escuridão quase impenetrável.
 
Sinistros pares de olhos amarelo e âmbar
Juntam-se ao coro de rosnados dantescos,
Para regelar o sangue nas minhas veias e o
Suor frio, que brota entre pelos eriçados.
 
O coração dispara dentro da caixa torácica,
Ameaçando sair pela boca ou explodir meu
Peito, como em uma cena da franquia Alien.
A urina escorre morna, molhando as calças.
 
Os uivos distantes parecem mais próximos,
Brotando guturais das gargantas sedentas.
O ímpeto de sair correndo supera o horror,
Mas as pernas paralisadas não obedecem.
 
Com esforço hercúleo consigo um passo...
Um novo passo e ouço o roçar das pernas
Da calça, reiniciando a trilha sinistra, que
Fora a ignição para a minha imaginação.
 
Um sorriso sem graça, de pura vergonha,
Surge em meus lábios trêmulos. E reinicio
A caminhada, em meio à névoa fria. A crise
De pânico desacelera conforme o coração.
 
Nardélio Luz
211123 

Proibidos

Proibidos
 
Observo os sedosos cabelos dela ao vento,
Cavalgando o ar fresco da morna primavera;
Invade meu peito uma sensação de liberdade,
Desta minha sonhadora posição privilegiada,
Neste mundo que só existe para mim e ela.
 
As pernas fortes forçam o balanço para trás,
E para a frente o vento ergue o leve vestido,
Descobrindo rapidamente as coxas perfeitas,
Corando levemente o rosto de feições puras,
Que mexem em segredo com minha libido.
 
O balanço promove as mais longas viagens,
Que só obedecem ao roteiro da imaginação;
E nesses lugares que podemos estar juntos,
Onde o patronímico não liga para as castas,
A ânsia das almas nos torna um só coração.
 
O sorriso dela se alarga para o firmamento,
Ao notar com prazer que estou observando;
Quase nunca temos chances de ficarmos sós,
Mas quanto mais nos vigiam e nos proíbem,
Maior a certeza que estamos nos amando.
 
Ali no balanço, no trigal ou na cachoeira,
Em qualquer espaço permanece a vontade;
E no jogo real que não creem em inocência,
A mínima perspectiva de ficarmos sozinhos,
Traduz-se na mais verdadeira felicidade.
 
Nardélio Luz
181123 

Rosas Vermelhas

Rosas Vermelhas
 
Da mesma cor dos teus lábios
e do gracioso vestido que usava,
lembrei belas rosas vermelhas,
cujo mostruário embelezava.
 
Percebi logo que iria combinar
com o par de reluzentes alianças,
ali, bem guardado no meu bolso:
estava feliz como uma criança.
 
Dando uma desculpa qualquer,
a deixei no gostoso restaurante,
e corri à costumeira floricultura,
com a mesma euforia de antes.
 
De volta à casa aconchegante,
calorosos aplausos dos clientes,
e de minha doce amada amante,
se tornou mulher permanente.
 
Nardélio Luz
081123 

Gente Que se Acha

Gente Que se Acha
 
Alguém tentou pintá-la como horrível,
Contudo, tenho experiência para saber,
Que quem fala pelas costas, não é crível,
Se fosse do bem, não falaria mal de você.
 
Têm pessoas nefandas, de língua viperina,
Que até a própria saliva é toxina, corrosiva,
Enrola o próprio rabo sujo e senta em cima,
Para apontar erros dos outros com intrigas.
 
Essas pessoas no geral se acham especiais,
E criam imaginárias manias de perseguição,
Acham que as outras perdem o seu tempo,
Para ficarem se sujando com sua podridão.
 
Chegam a ser tão egoístas e assoberbadas,
Que decretam o próprio Deus como aliado,
Sem ao menos atentarem para a verdade,
Que o que exercem não é de Seu agrado.
 
Em alguns casos são elementos doentes,
Em outros se trata de maldade genuína,
Se esquecendo que o que planta colhe,
E terminam por culpar a própria sina.
 
Nardélio Luz
071123
 

Manhã

Manhã
 
Os pingos de poesia
no orvalho da manhã,
formam linda parceria
com a flora artesã.
 
O sanhaço me espia
enquanto bica a maçã,
e voa na companhia
da poderosa Iansã.
 
Se destaca no verdejo
a florida flamboiant,
cujo rubro é o desejo
em sua forma pagã.
 
A brisa traz consigo
leve cheiro de hortelã,
e em oração bendigo
a natureza guardiã.
 
Nardélio Luz
041123 

O Tempo é Seu Amigo

O Tempo é Seu Amigo
 
Desde menininha, era graciosa e inteligente,
E já admirava o seu jeitinho, sua precocidade;
Sempre observei em você um brilho diferente,
Algo que já se destacava desde a tenra idade.
 
Naquela época, o sábio vento já sussurrava,
Que você estava fadada a ser muito especial;
A gente que não sabia, que não interpretava,
E quase nada sabíamos de seu real potencial.
 
Às vezes, saíamos para festas mais distantes,
E, tão menina, lá pelas tantas batia o cansaço;
Com uma ternura que advinha de muito antes,
Mais de uma vez a carreguei em meus braços.
 
Você cresceu, bela flor, e no jardim floresceu,
E pelos caminhos dessa vida, sua luz cintilou;
Sua beleza interior avultou e se desenvolveu,
Tal o encanto físico que a natureza moldou.
 
Os seus olhos castanhos, belos e expressivos,
Dizem o que, às vezes, a boca não pode dizer;
A cascata sedosa emoldura o sorriso incisivo,
Que evidencia toda a força que vem de você.
 
O tempo, seu amigo, te fez muito exuberante,
Como o vinho, que com a idade realça o sabor;
Sua graça e encantos de mulher deslumbrante,
Dão inveja à própria Afrodite, deusa do amor.
 
Nardélio Luz
061023 

Amor Cor-de-Rosa

Amor Cor-de-Rosa
 
Não é amor apenas por uma delas...
É desde as jovens, à matriarca querida,
Um sentimento geral, por todas elas:
Por todas as mulheres da minha vida.
 
Um sentimento belo que até tem cor:
A cor do cuidado, do toque na mama...
É um amor cor-de-rosa sim senhor,
A cor das mulheres que se amam.
 
E não só mulheres devem se cuidar,
É ônus dos seres humanos em geral;
Felizes os homens que sabem pensar,
Que um toque não é desonra global.
 
“É melhor prevenir do que remediar”,
Um fato que inicia a própria felicidade,
Disso todos têm que se conscientizar,
Que isso é que é amar de verdade.
 
Nardélio Luz
251023 

Anjo Meu

Anjo Meu
 
Alguns caminhos trilhamos sozinhos,
E em outros precisamos de companhia;
Eu prefiro ter você sempre ao meu lado,
Na escuridão da noite, ou na luz do dia.
 
És um anjo que apareceu na minha vida,
Para não mais sentir o abraço da solidão;
Minha alma foi provida com tanto brilho,
Que a tristeza abandonou meu coração.
 
Estamos juntos em todo passo e escolha,
No sol ardente, a tua presença me alivia...
Sob a tormenta, o teu amor é a proteção,
Tal também é o teu abraço na noite fria.
 
Eu não necessito mais temer a alvorada,
Já que tenho agora o teu amor celestial;
E todo caminho que seguir será contigo,
Sob tuas asas, eu também serei imortal.
 
Nardélio Luz
181023