Acabei de receber
um vídeo no WhatsApp, no qual o mestre espírita Divaldo Franco responde o
questionamento de um rapaz, repudiando veementemente o que ele mesmo se refere
como “teoria de gêneros” e ainda usa o termo “aberrações”.
Eu sou hétero,
mas tenho ótimos amigos gays, que aceitaram sua sexualidade e não apenas vivem
suas vidas sem prejudicar ninguém como são extremamente respeitosos e generosos
para com o próximo. E, no fundo, não são esses dois quesitos que importam?
No geral o
vídeo é interessante, mas embora respeite muito Divaldo nas questões de
espiritismo — mesmo porque ele é um mestre e eu apenas um ignorante —, não
concordo com sua opinião que me pareceu preconceituosa na questão dos gêneros.
É realmente uma
questão muito polêmica e com todo tipo de interpretações e “certezas” de que a
própria opinião é a correta, mas nada fundamentado em provas concretas.
Portanto,
deixo aqui apenas a minha opinião, sem querer afrontar ou causar dissabor com
qualquer pessoa. Mesmo porque opinião é algo pessoal e não posso pedir que —
ainda que não concorde — respeite a minha, se antes não respeitar a do outro.
Tenho amigos
gays muito sérios, inteligentes e bem resolvidos e já tivemos longas conversas
à respeito, por isso acredito que ser gay não é uma escolha.
Quem é gay de
verdade já nasce gay, claro que isso não se manifesta na infância, pois como o
próprio Divaldo diz no vídeo, embora em outras palavras, a criança ainda não
tem a sexualidade aflorada. A sexualidade desperta na puberdade e é aí que a
pessoa descobre a atração sexual pelo masculino ou feminino.
Não creio que a
pessoa escolha ser gay; ninguém escolhe ser discriminado e sofrer com
preconceito a vida inteira, e no geral é isso que ser gay significa a modo generalizado
numa sociedade homofóbica e intolerante ao extremo como a nossa.
Eu sou sim, a
favor da discrição e do respeito. Tanto quanto o hétero, o gay não precisa
ficar gritando aos quatro ventos que o é, tampouco provar nada para o mundo
(portanto acho essas paradas gay totalmente extravagantes e desnecessárias).
Reafirmo,
portanto, baseado em testemunhos de amigos sérios e também de observações ao
longo dos meus 51 anos de vida — totalmente aparte de religiões, por serem altamente
tendenciosas — a minha crença que a pessoa gay não o é por escolha.
Ser gay não é
uma doença, tampouco uma “pouca vergonha”, não torna uma pessoa melhor ou pior,
nem antissocial ou desrespeitosa.
Quando necessário,
a pessoa deve ser julgada pelo seu caráter e não pela sexualidade, pois desde
que haja respeito e cada um — gay ou hétero — cuide de sua vida sem prejudicar
o outro, para mim está tudo certo.
Da mesma forma
que para se TER amigos antes precisa SER amigo, para se TER respeito antes é preciso
respeitar.
Nardélio Luz