Primavera
De modo que avança o setembro tão esperado,
Com boas promessas para um ano tão obscuro;
Que ponha então à prova a crença do esmerado,
E celebre votos de um porvir bem mais seguro.
Boas-vindas à beleza e frescor da primavera,
A mais colorida e olorosa das quatro estações;
E traga as boas novas que todos estão à espera,
Preenchendo com amor e júbilo os corações.
Que venham as chuvas, também esperadas,
Pois quero sorrir sob os pingos como criança,
Libertar barquinhos de papel nas enxurradas,
E atear à minha alma uma nova esperança.
Proteja os nossos biomas de tanta destruição,
Apague o fogo que destrói tudo por onde passa;
Extirpe a ganância desses humanos sem noção,
E lave esse Governo, que nega tanta desgraça.
Que Pan assopre com vigor a sua velha flauta,
E faça brotar com viço a verde flora que ardeu;
Pena não poder ressuscitar a tão sofrida fauna,
Só resta chorar por cada vida que se perdeu.
O que sustenta a minha crença neste mundo
É a renovação que geralmente advém com ela:
Essa traz a luz para quem já chegou ao fundo,
De uma forma tal que só se vê na primavera.
Nardélio
Luz
220920