sábado, 17 de fevereiro de 2024

Amor Após a Morte


Amor Após a Morte
 
Por um escárnio cruel desses deuses vis,
Aos quais não sigo e tampouco sirvo mais;
A minha vida fora arrastada para o tártaro,
Me faculta ouvir as gargalhadas infernais.
 
Foste tão abruptamente roubada de mim,
Nem sequer tive tempo para me despedir;
Encontrei no ópio o jugo à ubíqua insônia,
Pois no plano onírico ainda estás por aqui.
 
Os deuses malditos mataram teu corpo,
Mas teu ser continua comigo por inteiro;
Do perfume no short doll que nunca lavei,
Ao “te amo mais” com batom no espelho.
 
Por teu conselho, preciso deixá-la partir,
“Amor, volte a viver!” ouvi tua voz calma;
Até sinto o teu abraço nas noites de dor,
E acordo feliz, dançando com tua alma.
 
Sim, devo desapegar-me, deixá-la evoluir,
Porém, minha carne egoísta, teme a dor;
Ter outra em teu lugar seria insuportável,
E, só, onde poderia guardar tanto amor!?
 
Nardélio Luz

140224

 

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