quinta-feira, 28 de abril de 2022
terça-feira, 26 de abril de 2022
Lições
Lições
O poema que escrevi para ela,
Foi de pouco ou nenhum valor;
Então percebi que só importava,
Quando deveras existia o amor.
Quando o que sentia era real,
A toda dedicação se valorizava;
E até um rabisco mais simples,
Calava fundo que ruborizava.
Afeição vertia-se em lágrimas,
Da mais verdadeira felicidade;
E ansiávamos por exterminar,
Aquela onipresente saudade.
Por um bom tempo foi assim,
Até perceber que tudo mudara;
E ela não mais se sensibilizava,
Porque o sentimento acabara.
Sua atenção um tanto forçada,
Meio que parecia uma leve dor;
E até mesmo o seu “Obrigada!”
Traduzia a ausência do amor.
De todas as lições desta vida,
Essa de fato custei a aprender:
As coisas importantes, a gente
Só valoriza depois de perder.
Nardélio Luz
260422
sábado, 23 de abril de 2022
Timidez
Timidez
Houve um tempo de inocência,
Quase esquecido lá no passado,
Que eu me deitava na sombra
Da minha árvore favorita,
E sonhava acordado.
Lembro como se fosse ontem,
De ficar ali sobre o gramado;
Um sorriso bobo nos lábios,
Na mente a imagem dela,
E viajava sossegado.
Certa feita descobri com alegria,
Desenhado com tinta amarela,
Um coração com as iniciais
Da moça e deste matuto,
Na parede da casa dela.
Aquilo foi a felicidade mais pura,
Mas uma grande timidez existia;
Nunca expus meus sentimentos,
E quando foi embora, pensei
Que nunca mais a veria.
Até que anos depois, na cidade,
A procurei e falei o que sentia,
Mas era muito tarde pra nós,
E ficou bem claro pra mim
Que eu jamais a teria.
Nardélio Luz
230422
quinta-feira, 21 de abril de 2022
Desilusão
Desilusão
Estive conversando com uma pessoa,
Desiludida a ponto de não crer no amor;
E pude sentir o quanto sua vida é triste,
O quanto é considerável seu dissabor.
A minha empatia foi deveras imediata,
E desvelei para colocar-me no lugar dela;
Inobstante, por mais que tenha tentado,
Foi impossível sentir o mesmo que ela.
Muito embora hoje eu esteja sozinho,
Já pude sentir o que é o amor verdadeiro;
Experimentei a mais autêntica felicidade,
Quando amei e fui amado por inteiro.
Sempre que estava com ela nos braços,
Era como se tudo ao redor despertasse;
A natureza, as pessoas, a própria vida...
Tal como se o amor em nós morasse.
Creio, quem nunca amou e foi amado,
Pouco ou nada de sua história escreveu;
Passou em branco pelo próprio enlevo,
E presumivelmente nem sequer viveu.
Nardélio Luz
210422
segunda-feira, 11 de abril de 2022
Beleza Maligna
Beleza Maligna
Quando ela cessou
o longo beijo,
Pude sentir
o líquido escorrendo
No meu pescoço,
morno e espeço,
E então descobri
estar morrendo.
Despertei
diversas horas depois,
Sem dor,
numa alcova estranha;
Padecendo de
uma sede terrível,
Que me
ressecava as entranhas.
Pouco a
pouco a memória voltou
E percebi não
ter mais pulsação;
Só havia
silêncio, uma cama suja,
E na
penumbra ao lado, o caixão.
O demônio
que estive caçando,
Era astuto e
me pegou primeiro;
Quão irresistível
fora sua beleza,
Que roubou
meu sopro cabeiro.
Desci daquele
leito corrompido,
E cambaleei
até o escuro caixão;
A estaca rasgou
o seio esquerdo,
Estraçalhando
o inerte coração.
Os berros
feriram meus ouvidos,
E a sede
acendia como um farol;
Então abri
as corroídas cortinas,
Para uma
última vez sentir o sol.
Nardélio
Luz
110422
domingo, 10 de abril de 2022
Afortunado
Afortunado
Você é uma mulher naturalmente graciosa,
Porém tem dias que parece estar ainda mais;
Agora há pouco mesmo, quando despertamos,
Me olhou de forma que não tinha visto jamais.
Teu olhar meigo tocou bem fundo minha alma,
Como se a ternura nele pudesse ser exteriorizada;
Foi quando entendi de onde vinham as emoções,
Que me acometem fundo desde a madrugada.
É tanto amor que aparenta não caber no peito,
Não poucas vezes precisa que seja extravasado;
Então fazemos amor até alcançarmos o paraíso,
Em uma devoção distinta de culpa ou culpado.
Mirando teus olhos, à sombra do teu sorriso,
Me faculta constatar o quanto sou afortunado;
E embora haja quem não aprove nosso enlace,
Onde há tanto amor, não pode existir pecado.
“Bom dia” verbal, e se aninha em meus braços.
Uma bela gatinha a ronronar de tanta empatia;
Tua pele fresca acende todos os meus sentidos,
Revelando o quanto será especial o nosso dia.
Nardélio Luz
100422
quinta-feira, 7 de abril de 2022
Separados
Separados
Cruzei
desertos, singrei mares...
Até
cavalguei ventos selvagens...
Pois
precisava estar nesses ares,
Nessas
tão esquecidas paragens.
Quando
eu fui obrigado a partir,
Sob
ameaças de irados ancinhos;
Não
pude nem mesmo despedir,
Da
bela dona dos meus carinhos.
Agora,
daqui de fora dessa janela,
Perscruto-a
sob a luz bruxuleante;
Tão
perto e, jamais antes tão bela,
Porém,
nunca antes tão distante!
Ainda
que imperem agonia e dor,
E
o pesar da impotência sem fim;
Estou
livre para rever meu amor,
E
isto eles jamais tirarão de mim.
Pois
que ela ainda continua viva,
Ao
passo que eu... Ah, não mais!
E,
ainda que permaneça à deriva,
Todo
o meu desespero se desfaz.
Pois
mesmo neste etéreo estado,
És
eleita, minha eterna consorte;
E
embora tenham nos separado,
Não
o farão nesta minha morte.
Nardélio Luz
070422
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