quinta-feira, 7 de abril de 2022

Separados


Separados
 
Cruzei desertos, singrei mares...
Até cavalguei ventos selvagens...
Pois precisava estar nesses ares,
Nessas tão esquecidas paragens.
 
Quando eu fui obrigado a partir,
Sob ameaças de irados ancinhos;
Não pude nem mesmo despedir,
Da bela dona dos meus carinhos.
 
Agora, daqui de fora dessa janela,
Perscruto-a sob a luz bruxuleante;
Tão perto e, jamais antes tão bela,
Porém, nunca antes tão distante!
 
Ainda que imperem agonia e dor,
E o pesar da impotência sem fim;
Estou livre para rever meu amor,
E isto eles jamais tirarão de mim.
 
Pois que ela ainda continua viva,
Ao passo que eu... Ah, não mais!
E, ainda que permaneça à deriva,
Todo o meu desespero se desfaz.
 
Pois mesmo neste etéreo estado,
És eleita, minha eterna consorte;
E embora tenham nos separado,
Não o farão nesta minha morte.
 
Nardélio Luz
070422

 

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