Dissonância

Dissonância
 
Sobre as cristas ríspidas desse mar bravio,
Acendo — ainda meio duvidoso — o pavio;
E a silenciosa explosão de luzes que se dá,
Abre um estranho portal para o lado de lá.
 
Sem tardar tudo é sugado com minha alma,
Para essa luz brilhante onde reside a calma;
Porém, o que quero mais que a magna ilusão,
É retornar em uma nova e ádvena explosão.
 
Minha existência é inquieta como o temporal,
E preciso retornar, seja para o bem ou por mal,
Para a tempestade a qual já estou acostumado,
E juntar os pedaços do meu eu estraçalhado.
 
Na cacofonia que tem sido esta minha vida,
Muitas coisas importantes foram esquecidas;
E se não sou meritório sequer de viver ao léu,
Mereço menos ainda bater às portas do Céu.
 
Nardélio Luz
170823