sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Fantasma





Fantasma

 

Eu que sondo teu quarto enquanto dorme

E velo por teu sono profundo

Eu que ouço os suspiros de menina

E permeio teus sonhos mais secretos

Também seguro tua mão e toco teu coração

Durante os medonhos pesadelos

Eu que sopro teu pescoço nas noites quentes

Incutindo aquele arrepio prazeroso

Que te faz arquear as sobrancelhas

Ciente da ausência de brisa

Eu que provoco teu sorriso largo

Na infinitude das lembranças

É meu abraço etéreo que conforta

E aplaca o frio da tua pele

Sou aquela sensação reconfortante de presença

Quando você não vê ninguém

Sou o pecado que não se consuma

Tanto quanto o que não pode ser pecado

Pairo sobre ti a noite em contemplação

Em proteção e desvelo

E a aviso dos perigos da vida diurna

Eu que advogo contra o mal em tua defesa

Eu sou esse sentimento que não compreendes

E ainda assim teme perder

Sou essa falta que sente

Esse vazio que não preenche

Sou o pouco que você teme

E o muito que não resiste

Sou o respeito de te ver sem tocar

De tocar se consentir, se pedir

Sou o fogo incompreensível

Que te faz arder de prazer

Que te queima sem doer

Que te invade sem machucar

Sou a ternura que te envolve

Sou o que tu esperas de mim

Sem nem mesmo perceber.

 

Nardélio Luz

020514


 

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