sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Devaneios



Devaneios

 

Se nossos corpos fossem

ponteiros de um relógio,

marcávamos quinze para as três,

deitados sobre o estrado rústico

naquela madrugada tempestuosa.

 

E enquanto os raios rasgavam

a escuridão encharcada,

seguidos de trovões ensurdecedores,

permanecíamos alheios ao frio

resultante do prélio dos elementos.

 

Olhos nos olhos, sorriso bobo,

boca quase na boca...

Eu quase podia sentir seu hálito delicioso;

quase podia ler antecipadamente

o que estava para me dizer.

 

E meu coração — mais ribombante que os trovões —

permitia à minha imaginação viajar

a recônditos paradisíacos de Terras paralelas,

para um futuro (possível?)

de afetos e prazeres inimagináveis.

 

Nardélio Luz

180520


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário