quinta-feira, 2 de março de 2023

Diálogo



Diálogo
 
Quando o vento soprou aos meus ouvidos:
— Vai passar! Como eu passo sussurrando, trazendo os perfumes,
levando o calor da tua pele e refrescando-te a alma.
— Mas, senhor vento, quando? — indaguei.
— Esta não é minha jurisdição! — sussurrou mais forte.
— Mas, senhor vento...
— Pergunte ao amigo tempo, que também passa, e, se for de interesse,
irá te elucidar.
E o vento seguiu seu caminho perpétuo, não sem deixar uma
refrescante calda de brisa. E o calor incômodo sessou quase de todo.
— Quando vai passar, senhor tempo? — inquiri com alguma urgência.
— Calma, pois não és único, tampouco mais importante... Na classificação
há seres com mais urgência, na hora que convier, será chegada essa a tua hora.
E o tempo — diligente, porém indiferente —, se arrastou de minutos a horas,
semanas, meses, anos...
A ansiedade... Ah, a vilã ansiedade, onipresente e onipotente, nem
sequer se dignou a responder.
 
Narfe
020323

Nenhum comentário:

Postar um comentário