terça-feira, 9 de outubro de 2018

Ela



Ela

Ela é como o vento que desenha nas nuvens,
Que acaricia o meu rosto nas tardes ardentes;
Sempre me conduz a desconhecidas paragens,
Sussurrando tempestuosos versos indecentes.

Ela é como poesia a acalentar meu espírito;
Está na melodia que acaricia meus ouvidos.
É a brisa que inebria com cheiro de saudade,
Perdição boa que desorienta meus sentidos.

Onipresente na inquietude da minha vida,
Está no remexer lúbrico da silhueta esguia;
No corpo quente que incendeia todo o meu,
É o prazer absoluto no vértice que extasia.

Ela existe na humildade que a todos cativa:
A deusa por quem me prostro em devoção.
É a candura que conforta a minha alma fria,
Divindade pela qual ribomba meu coração.

Ela é o cheiro da terra na chuva que chega,
É o amor que se mostra no primeiro olhar;
É o viço do relvado agradecendo o orvalho,
O alimento que não me permite definhar.

É vinho e lareira em frias noites invernais,
A notícia boa que chega em tempos ruins;
É o sol fulgurando nas manhãs cinzentas,
O inesperado reencontro de almas afins.

Nardélio F. Luz

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