terça-feira, 23 de abril de 2024

Desolado



Desolado
 
Enquanto dirijo de volta à casa vazia,
Não paro de olhar o banco desocupado;
Onde sempre estivera seu sorriso jovial,
E doravante nunca mais poderá estar!
 
Pela milésima vez, eu tento ser lógico,
Rememorando tudo o que aconteceu...
Fora deveras inevitável ou eu poderia
Ter feito alguma coisa para impedir?
 
Estou com raiva até deste terno preto,
Tal como se acreditasse em mau agouro!
Achei que nunca mais precisaria usá-lo,
E aqui está, todo molhado de lágrimas.
 
Como doravante poderei viver, tendo
Perdido a parte mais valorosa de mim?
Como conviver com tantas lembranças
Da sua forte presença em toda a casa?
 
O armário de remédios continua aberto
E os frascos caídos no chão do banheiro,
Testemunhando minha vil negligência...
Eu deveria ter percebido algo errado!
 
Agora é tarde e ela não está mais aqui,
Nem o riso, nem perfume, nem flores...
Tampouco a alegria neste meu coração,
Tão vazio quanto esta alma desolada.
 
Nardélio Luz
220424 


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