sábado, 22 de fevereiro de 2020

Resiliência





Resiliência

A distância amarga no peito a pesar,
Ainda que muito castigue o coração,
Não será suficiente para nos separar,
Não nesta vida, por certo que não!

O tempo que às vezes parece castigo,
Convertendo as noites em eternidade,
Decerto também pode ser bom amigo,
Atribuindo mais fé à própria vontade.

A despeito de estarmos separados,
Vivemos aquecidos pelo mesmo sol;
E se noite, quando na relva deitados,
É sob a mesma lua, desde o arrebol.

Minha eleita, tenhamos paciência,
Como o sol pela lua, estou eu por ti.
E o regozijo será nossa recompensa,
Com todo deleite que está por vir.

E quando a vontade bater forte
E a tal saudade tentar machucar,
Lembre-se que nem a vil morte
Possui o poder de nos separar.


Nardélio Luz
220220

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Vontade de Você




Vontade de Você


O beijo da brisa lembra sua última partida,
Com estrelas flertando em clarões cintilantes
E a bela e majestosa lua, das nuvens despida,
Revelando a união e carícias dos amantes.

Às vezes bate tão profunda vontade de você,
Que até me esqueço da lonjura física entre nós!
Nestas horas não tem nada que eu possa fazer,
Restando apenas me entregar à saudade atroz.

Coloco em prática aquele velho dom de voar,
Valendo-me das pujantes asas da imaginação;
É a única maneira de a minha vontade chegar
E nossas almas se regalarem em comunhão.

Você é a dona dos meus sonhos noturnos,
A doce felicidade que me despertara outrora;
É estímulo que impele meu arbítrio diurno,
A graciosa protagonista da minha história.

É vigoroso o ribombar deste velho coração,
Por comungar com a alma este grado saber:
Hoje cresce amor onde antes ardera a paixão
E não existe nada que eu não faça por você!

No meu livro é a página mais bem escrita,
Esta que um bom fadário concedeu a mim;
Tornando nossas vidas uma história bonita,
Legando um começo e um meio, sem fim.


Nardélio Luz
110220

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Introspecção



Introspecção

Gostaria tanto de te dizer o que sinto!
Mais do que dizer, gostaria de mostrar...
Mas embora às vezes te sinta tão perto,
Na maioria delas se encontra tão longe
Que o medo me isola na introspecção.

Sabe aquele medo ubíquo de errar...
De me exteriorizar, estar equivocado,
E, com isso, perder até a tua amizade?
É vero que não é amizade que almejo,
Mas, por ora, é tudo que tenho de ti.

Não posso sequer falar dos teus olhos,
Dessa tristeza imperceptível aos outros
E tão visível a este vigilante observador.
Por ora finjo não notar os risos forçados
Expulsando as sombras do teu coração.

Eu gostaria de ser um homem ousado.
Às vezes, em alguns aspectos, até tento;
Mas é fato que tu és a minha kriptonita
E se noutras situações ajunto coragem,
Se tratando de ti eu compilo fracassos.

Creio que o para sempre esteja bem ali,
Logo após dobrar a esquina do amanhã;
Porém sigo permitindo que infortúnios
De um longínquo e lamentoso pretérito
Continuem a ditar regras no presente.

Nardélio Luz
020220