terça-feira, 30 de agosto de 2016

Tempestade





Tempestade


Os estrondos da tormenta
Transformam meu refúgio
E a proteção dos retalhos
Liberta-me de fantasmas.

Reles engodo a tripudiar,
Posto que lá fora haja lua
E aqui estranhas estrelas
Salpicam a obscuridade.

Peculiar a mente salutar
E suas miríades de astros
Nascidos da inexistência
Para desabonar as trevas.

Bem que da tempestade
Nenhuma chuva ou raio,
Pois que qualquer prélio
Só existe dentro de mim.


Nardélio Luz
280816

domingo, 14 de agosto de 2016

Um Homem... O Homem!




Um Homem... O Homem!


Na sua simplicidade e retidão,
Mais que um homem comum:
Um celeiro de dignidade;
Um dos prediletos seres de Deus.

Assim era e é aquele homem...
Assim será para todo o sempre,
Através das passagens e do tempo,
No desempenho dos deveres seus.

Lembro-me com carinho e ternura,
Da minha impetuosa adolescência...
Das contendas minhas, não dele,
Em que, ainda assim, me defendeu.

Ensinou-me a caminhar ereto,
A respeitar os respeitáveis,
A distinguir os bons dos maus,
A partilhar o que acreditava meu.

De coração estreme e altivo,
Alma límpida, nobre, e gestos gentis,
Era grande, amigo dos amigos,
O cerne do bom sentimento.

Se hoje me sinto alguém,
Grande parte devo a ele...
Meu maior motivo de orgulho,
Mais que pai: exemplo e fomento.

De natureza pacifica e mansa:
Era assim meu nobre guerreiro;
Se nalgumas vezes gargalhava,
Noutras se enclausurava na solidão.

Todavia, à necessidade de alguém,
Estava ele lá, por inteiro, solícito;
Sempre rígido com os maledicentes,
E aos afáveis, todo alma e coração.

Foi meu mestre na arte da superação,
E certamente teria orgulho dos meus resultados;
Não pôde me ler ou tocar minhas medalhas,
Mas soube, sabe ou saberá um dia.

Pois é grande meu esmero para me tornar
O excelso reflexo dos seus ensinamentos;
E embora eu pare as noites para descansar,
Retomo reto a cada manhã que principia.

Desde aquele melancólico novembro,
Em que aqui findou sua cumprida missão,
Que a saudade aperta meu peito
E, forte, fustiga minha lembrança.

Contudo, sou um praticante do desapego,
E sem insurreição ou remorso o deixei seguir;
Crédulo que num dia poderei reencontrá-lo,
Na sua digna disseminação da esperança.


Nardélio F. Luz

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Livre-arbítrio

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Livre-arbítrio


Bem lá atrás tentaram me convencer
Que eu era escravo desse tal destino;
Mas é algo que não dá para conceber,
Tampouco crer em tamanho desatino.

Em minhas crenças, poucas, bem sei,
Predestinação não é uma que acredito;
Se estiver equivocado, um dia saberei,
Mas até lá, minha lei é o livre-arbítrio.

Entendo que alguns não concordarão,
Inclusive lhes presto franca reverência,
Pois se me seguissem sem ponderação,
Revelariam sinal de pouca inteligência.

Meu caminhar é na fleuma do cansaço,
Pois o que almejo no fim deste caminho
Não está sujeito a tempo nem a espaço,
Mas ao que aprender, mesmo sozinho.

As léguas cruzadas e o tempo passado
Roerão o corpo, mas não minha calma,
E o sopro do conhecimento acumulado
Levar-me-á aos anelos de minha alma.


Nardélio luz
100816