segunda-feira, 23 de abril de 2018

Jornada




Jornada


O brilho dos olhos afronta a alvura da pele,
Tal qual o milagre de dois sois azuis nascendo
Sobre a miraculosa paisagem de neve ardente,
Donde brotam gotas cálidas com gosto de mar.

Emoldurada por sedosas cascatas castanhas,
Que ultrapassam duplos gementes escarlates
E despencam sobre gêmeos de cumes eriçados
Postados em prece ao aprazível firmamento.

Veios de azurita se destacam na fina alvura,
Imergindo sob o relevo de escuras auréolas;
Uma pausa para admirar tão pulcro tesouro,
Da fertilidade que brotam o maná e o ouro.

O prazer da jornada pelas dunas eriçadas,
Que emitem tremores aos breves estímulos
E induz gemidos sobre dialetos estranhos,
Não pode ser dito, tampouco imaginado.

Menos ainda a chegada ao vale almejado,
Invejado pelos anjos que choram a inépcia
De distinguir os prazeres do livre-arbítrio
E o divino deleite dos pecados humanos.


Nardélio Luz
120418

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Noites




Noites


Quando cai a noite, salpicada de estrelas,
Ou mesmo nublada pela promessa da chuva,
Onde a lua tímida brinca de esconde-esconde,
É que a inclemente saudade bate mais forte.

Porquanto entre o céu ponteado de estrelas
E a fresca aragem da morosa brisa noturna,
Olhares, paixões, jaz esperança adormecida
No sonho quimérico da buscada felicidade.

O fluxo caótico das atividades torna o dia
Mais fácil, aplacando a tempestade interior
E abafando o trovejar deste inquieto coração,
Mas a calma da noite traz de volta a paixão.

Ao fechar os olhos sinto a sua presença
Entre as emoções de natureza paradoxal;
O coração acelera na tentativa de alcançá-la
Mas os sentimentos aliviam a colisão fatal.

E mesmo que a gentil suavidade da noite,
Com estrelas, nuvens e lua na madrugada,
Possam acalmar os prélios deste coração,
Ainda há tempestades na minha alma.


Nardélio Luz & Roh Varriano
120418