domingo, 26 de julho de 2020

Serena




Serena

 

Oh! Belíssima e encantadora Flor Serena,

Que desabrocha radiante entre os jasmins...

Sem pretenderes, causa inveja às açucenas,

E um certo desassossego dentro de mim.

 

Há tempos que tu deveras me encantas,

Com esse teu jeito, meio mulher meio flor,

A ponto de manter preso à minha garganta

Esta vontade de gritar todo o meu amor.

 

Nesta vida, contudo, outro chegou primeiro,

Tirando o que poderia ter sido meu de direito;

E ainda que não conheças o amor verdadeiro,

Fizestes a escolha, logo tens o meu respeito.

 

Não fosse eu, apenas um mortal covarde,

Talvez pudesse toda esta verdade exprimir;

Falar-te-ia desta inquietação que me invade,

Sempre que penso ou me vejo perto de ti.

 

Que já a perdi nesta vida, disso bem sei,

E contigo também fora a furtiva felicidade;

Restando tão-só um vislumbre do que serei:

Um ordinário prisioneiro da tal saudade.

 

É bem possível que numa próxima jornada,

Ou noutras além, que virão mais para a frente,

Tu retornes novamente como a minha amada,

E poderás sentir o que a minha alma sente.

 

Por certo agora é impossível a nossa união,

Que façamos, então, dois destinos separados;

Apesar da distância entre o meu e teu coração,

Em nossos sonhos seremos sempre ligados.

 

Nardélio Luz

260720