terça-feira, 18 de abril de 2023

Aurora


Aurora
 
Aquela moça passa aqui todas as manhãs,
Ela é tão radiante quanto o próprio arrebol.
Tem os lábios vermelhos como doces maçãs,
E seu belo sorriso faz inveja até à luz do Sol.
 
Desta antiga janela, onde recepciono o dia,
Observo-a pedalando a sua ligeira bicicleta,
Na rotina matinal de ir à venda da dona Fia,
E retornar toda contente, zelosa e discreta.
 
Ela é graciosa, simpática e toda sorrisos...
Seja com os idosos, jovens ou criancinhas;
Mas consegue ser rígida quando é preciso,
Se algum desavisado vem com gracinhas.
 
Eu jamais conheci uma garota mais bela...
Creio que nem exista anjo assim lá no céu;
Traz nos cabelos escuros uma flor amarela,
E na cesta com os pães, traz tintas e pincel.
 
Aceno de cima, com a imaginação a voar,
Para longe desta alcova, que é minha ilha;
Minha vontade era de abordá-la e contar,
Visto que ela não sabe que é minha filha.
 
Lá atrás um acordo com a mãe magoada,
Obrigou-me a afastar da pequena Aurora;
Que até hoje acredita que foi abandonada,
Sem a menor ideia do que houve outrora.
 
Nardélio Luz
180423 


Nenhum comentário:

Postar um comentário