Aurora Aquela moça passa aqui todas as manhãs, Ela é tão radiante quanto o próprio arrebol. Tem os lábios vermelhos como doces maçãs, E seu belo sorriso faz inveja até à luz do Sol. Desta antiga janela, onde recepciono o dia, Observo-a pedalando a sua ligeira bicicleta, Na rotina matinal de ir à venda da dona Fia, E retornar toda contente, zelosa e discreta. Ela é graciosa, simpática e toda sorrisos... Seja com os idosos, jovens ou criancinhas; Mas consegue ser rígida quando é preciso, Se algum desavisado vem com gracinhas. Eu jamais conheci uma garota mais bela... Creio que nem exista anjo assim lá no céu; Traz nos cabelos escuros uma flor amarela, E na cesta com os pães, traz tintas e pincel. Aceno de cima, com a imaginação a voar, Para longe desta alcova, que é minha ilha; Minha vontade era de abordá-la e contar, Visto que ela não sabe que é minha filha. Lá atrás um acordo com a mãe magoada, Obrigou-me a afastar da pequena Aurora; Que até hoje acredita que foi abandonada, Sem a menor ideia do que houve outrora. Nardélio Luz 180423
Nenhum comentário:
Postar um comentário