Abismos
Abismos
Estou tropeçando à beira de abismos,
Abraçado por uma inclemente escuridão.
Na mente perturbada, os vultos sem faces
De seres desprovidos de alma e coração.
Nesta delirante paisagem extraterrena,
Vis rios de águas oleosas que não correm;
O ar frio é insalubre e recusa os pulmões...
Lar de mortas criaturas que não morrem.
O insano pesadelo que me trouxe aqui...
A esse antro lúgubre, de loucura sem fim,
Se arrasta da minha própria decrepitude,
Das coisas que habitam dentro de mim.
Não existe graça, nem qualquer poesia,
Só a doença para a qual não há hospital;
Essa voracidade devorando as entranhas:
Bestas inomináveis, no vazio existencial.
Ora elas gargalham nos meus tímpanos...
Ora murmuram que são tristes criaturas;
Noutras o sepulcral silêncio é dominante,
Tal deve ser a eternidade na sepultura.
Não há coesão em meus pensamentos...
Só esse entorpecimento a me empurrar
Para os abismos dos quais tentei fugir,
E agora retornam para me buscar.
Nardélio Luz
291223
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