Sopro de Vida Já faz muitas primaveras que eu a perdi, e se me perguntar o porquê de estar assim, feliz e radiante, posso até tentar te dizer. Embora acredite que não vá compreender, essa ádvena algazarra dentro de mim. Naquela época a primavera — dela a estação preferida — era bem mais amena. O ar não ardia como hoje, de tanto calor, e somente nossas longas noites de amor eram responsáveis por tanto ardor. Hoje, não só a cama, mas toda a minha vida ficou vazia, e no quarto só as aranhas. E ainda que com esse calor intensificado, na maior parte do ano minha alma é fria e resta a companhia dos desesperados. Mas quando chega a primavera, tudo fica diferente: o sopro dela me traz à vida. Ela retorna com todo seu frescor e, tal como estivera antes — tão bela e perfumada flor — ainda que etérea, me enche de amor. Entende agora minha felicidade, quando chega a colorida e perfumada primavera? Há de questionar se perdi as faculdades — talvez a idade, ou senilidade —, mas creia: há algo de milagre nesta minha vontade. Nardélio Luz 270923
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