Desgosto
Nas lembranças, o frio e cruel agosto,
Um infausto mês que jamais esqueci;
Mas nem todo oitavo mês é desgosto,
Hediondo foi aquele no qual te perdi.
Um atípico vento frio judiava da tarde,
Num prenúncio do que eu viria passar;
Então veio a dor e rasgou minha alma,
Fazendo o meu triste coração sangrar.
Tu levaste coisas importantes contigo,
Deixando às cinzas o meu belo jardim;
Cheiros, cores, a poesia... tudo se fora!
Tudo o que tinha relevância para mim.
Suponho não ter sido por tua vontade,
Decerto era algo para ninguém opinar;
Verdade é que, tendo ou não intenção,
Levaste a minha capacidade de amar.
Restou em meu peito um gélido vácuo,
Uma mistura ácida de dor e desgosto;
A perpetuar um vil e inexorável vazio,
Desde aquele frio e hediondo agosto.
Nardélio Luz
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