segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Boa Companhia

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Boa Companhia

Eu subi lá e observei o mar.
O caminho era íngreme e as pedras escorregadias...
Mas a voz ádvena no meu íntimo insistia:
— Esforce-se um pouco mais... Vai valer a pena!
E valeu. Realmente valeu.
Finalmente cheguei ao topo, onde cresciam ralos arbustos.
Num último esforço alcancei o ponto mais alto e me sentei.
As pernas agradeceram e os arfantes pulmões também.
As gaivotas saudaram minha chegada com estranheza.
Enxuguei o suor da testa com a manga salgada da camisa.
Observei a calma do mar e deixei escapar um suspiro.
Bem a tempo, pois não muito depois o sol se foi por trás do mar...
Lá longe. Lá... bem atrás do calmo mar.
Sua despedida foi um vermelho-amarelo-alaranjado jamais visto antes.
A presença dela era maior que a das gaivotas regateiras.
E naquele lusco-fusco, falamos do mar, do sol e da vida.
Para ser totalmente honesto, eu falei... só eu falei!
Sentada ao meu lado estava a saudade, ouvindo calada.
Em todos esses anos que tingiram de lua meus cabelos,
nunca conheci melhor ouvinte.

Nardélio Luz
031218


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