sábado, 26 de outubro de 2019

A Dona da Rua



A Dona da Rua

Eu era mais um recém-chegado.
Tinha de outras paragens viajado,
Onde havia provado a tal desilusão.
Porém me bastara um rápido olhar
Para a calçada quase frente ao bar,
Onde afogava meu velho coração.

Tudo ao redor pareceu se ajustar,
Forçando até tempo a desacelerar,
Como a pena que no vento flutua.
Não era só mulher, mas uma fada,
Que ali flutuava sobre a calçada...
Era, sem dúvida, a Dona da Rua.

Meus olhos comiam as cenas
Das torneadas pernas morenas
Daquele short branco saltando.
Ela parecia alheia ao meu olhar,
Nem um sorriso veio a esboçar,
E já senti que estava amando.

O amigo que ali estava comigo
Disse que a Diva era um perigo,
Mas tampouco desviava o olhar.
Quando a paixão vem de repente,
Impulsiona o coração da gente,
E compete à alma se equilibrar.

Contudo a sorte me presenteou,
Pois ao passo que a noite chegou,
Soube que era mútua a aspiração.
Era o fim de qualquer sofrimento
E, entre regalos e arrebatamento,
Nos amamos com fúria e devoção.

Ambos transpirávamos paixão...
Quando juntos, éramos a junção
Do ardor do sol e a beleza da lua.
Embora noutros vivesse maldade,
Quando se tratava de felicidade,
Éramos eu e a Dona da Rua.

Nardélio F. Luz

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