Condenado
O
fluído que verte destas chagas vis,
Recém
expostas pela herética lâmina,
Deita
cascatas rubras pelo velho cepo
E
eleva ao intolerável minha agonia.
Qual
grande culpa levou-me à morte
Quando
meu pecado foi amar demais!
Porém
pereceria infindas vezes mais,
Desde
que outras tantas a possuísse!
De
joelhos na primeira fila da plateia,
Belos
olhos se desviam lacrimejantes;
Mas
uma mão brutal os força de volta,
Já
que o exemplo precisa ser assistido.
Naquele
olhar há tanta cumplicidade,
Tal
como o bálsamo extirpando a dor:
A
contrastar com o ferroso do sangue,
Chega-me
à boca o doce das tâmaras.
Num
último olhar observo as feras:
Sua
sede de sangue supera as orações.
Se
toda aquela gente condena o amor,
Eu
cuspo meu sangue na sua religião.
Um
sádico rosnado vaza da boca podre,
Todavia
já não incute terror. Não mais!
E
quando o carnífice ergue o machado,
Depara-se
com meu escarnico sorriso.
Nardélio Luz
010318
Nenhum comentário:
Postar um comentário