quinta-feira, 22 de julho de 2021

Tapera



Tapera

 

A maioria discorda dos meus sussurros,

Então pouco verso, para não desagradar.

Afirmam que trafego entre dois mundos,

E na maior parte perduro do lado de lá.

 

Não me atino se sou do bem ou do mal;

Não me apego a ideias que o tempo dilui.

Só vou me guiando pelas vielas dos anos,

Tal qual um espectro do homem que fui.

 

Gosto da melancolia das velhas ruínas,

Com suas histórias perdidas no tempo.

Sonho com mitos de velhos fantasmas,

Como os que à noite se ouve no vento.

 

Uma dessas taperas é tão excepcional,

Que nem o passado consegue derrubar.

Tal que as lembranças ferem como faca,

E de forma alguma se deixam apagar.

 

Essa casa velha é minha própria vida,

Dentre as lendas anciãs, uma peculiar:

Existo vagando entre paredes mortas,

Que não me permitem sair do lugar.

 

Nardélio Luz

220721


 

2 comentários:

  1. Muito bem lapidado/medido a exposição das ideias. Sobre o conteúdo, o romantismo negro ao fim revela sutil surpresa.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grato pelo seu feed back. É um prazer tê-lo por aqui! 👍😊

      Excluir