quinta-feira, 5 de março de 2020

Rosa Cálida



Rosa Cálida

Os toques do meu paladar urgente,
Nas pétalas abertas da rosa quente,
Faziam brotar a abundante umidade.
Aguçando ainda mais a minha libido,
Baralhando todos os meus sentidos,
Levando-me às bordas da sanidade.

Tentava a custo conter os gemidos,
Mas vede que irrompiam espremidos,
Dentre os lábios ávidos que se afligiam.
Ainda que transeuntes pudessem ouvir,
Àquela altura, nada havia que não ali,
Nem sequer as más línguas existiam.

As gotas abundantes se misturavam,
Entre os pelos elétricos, que eriçavam;
Éramos o exemplo da própria felicidade.
Beijos se ligavam e as carnes tremiam,
Como tais os músculos se contorciam,
Atingindo os limites da flexibilidade.

O arrebatamento não tardou a chegar,
Quando o teso abraço aspirou esmagar,
Tornando-se uno o que antes eram dois.
E conquanto o arbítrio pudesse ser duro,
Ali não importava o passado ou futuro,
E toda a agrura era relegada a depois.

Só o que importava era aquele sentir,
Sem qualquer temor ao fadário por vir,
Doados um ao outro da planta à palma.
Carícias, braços nos braços em abraços,
Adormecemos sob o letárgico cansaço,
Saciados desejos do corpo e da alma.

Nardélio Luz
050320

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