sábado, 22 de abril de 2017

Descrença



Descrença


Somos prólogos de histórias
Infelizes que construímos;
Que talvez nem nossas são,
Ou se são, não assumimos.

Parte de nação despencada
Sob os tapetes escondidos,
Os nossos próprios pecados
Jamais sequer assumidos.

Perdoáveis quando seus,
Hediondos quando não;
Pândegas feitas de breu,
Crias rastejando em vão.

Pecados pequenos que
Atenta e nunca assume,
Numa mescla de ilusão
Boa de seguir impune.

Pobres símios pelados,
De astúcia despojados,
Com cérebros graúdos
Pseudo bem-dotados.

Infeliz gado indecente
Que se faz tão ingente,
Porém tal como gente,
Nem sequer o sente.

E domado por inteiro
Mal sente a pontada
Quando o boiadeiro,
Cruel, o faz boiada.


Nardélio Luz
220417

2 comentários:

  1. Poema politico - cotidiano sutil sobre o contexto brasileiro, das diabruras de seus gerentes ora egoistas ora entreguistas (muitas vezes as duas coisas)e seu incauto rebanho. Gado e boiadeiro veio a calhar, quando fazemos comparação ao "gado humano", do qual vários pensadores tb citaram, como Nietzsche.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, infelizmente "gado humano" é o que o povo brasileiro vem sendo há várias décadas, conduzido pacificamente ao matadouro pelos "boiadeiros" que infestam Brasília e todas as sedes de dirigentes estaduais e municipais do nosso explorado país.

      Excluir