terça-feira, 25 de outubro de 2016

Devaneios



Devaneios

Se nossos corpos fossem ponteiros de um relógio, marcávamos quinze para as três, deitados sobre o estrado rústico naquela madrugada tempestuosa. E enquanto os raios rasgavam a escuridão encharcada, seguidos de trovões ensurdecedores, permanecíamos alheios ao frio resultante do prélio dos elementos; olhos nos olhos, sorriso bobo, boca quase na boca. Eu quase podia sentir seu hálito delicioso, e meu coração — mais ribombante que os trovões — permitia à minha imaginação viajar a recônditos paradisíacos de Terras paralelas, para um futuro (possível?) de afeto e prazeres inimagináveis.

Nardélio Luz
251016

2 comentários:

  1. Quando leio o que escreve,visualiso absolutamente tudo como se fizesse parte da cena!
    Só vcesmo para se apropriar dos elementos da natureza de forma tempestuosa e transforma-lo em algo doce!
    Amo ler vc!😉

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  2. Fico feliz, Élem, pois se o escritor não conseguir transportar o leitor para a história é sinal que não cumpriu bem o papel. E tal comentário vindo de uma pessoa culta e sensível como você, é um elogio e tanto! Obrigado.

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