domingo, 17 de janeiro de 2016

Magnânima



Magnânima


Creia você que me ouve, nas palavras tais:
Há seres vivendo neste mundo esplendoroso,
Que embora habitem fracos invólucros carnais,
Possuem intentos verdadeiramente venturosos.

Geralmente esses são gigantes na humildade
E vivem pelo exemplo e para ingentes ações,
Sempre semeando o magno e a solidariedade,
Soprando a esperança e o amor nos corações.

São eles, na verdade, como generais de Deus,
Em auxílio aos pobres, infelizes e arruinados.
Que seja para estranhos ou mesmo entes seus,
Sempre estarão lá, prestativos e abnegados.

Creia-me, não falo de seres sobre-humanos
Muito menos de criaturas libertas de agonia;
Pois se essas não desfrutassem do mundano,
Tamanhos paradigmas de nada nos serviriam.

Quando me fora confiada tal recente missão,
Na inquietude destas fundamentais paragens,
Fui coligado a um dos seres que faço alusão,
Como já havia sido antes, noutras passagens.

É quase certo que nem todos podem perceber
Um propósito tão antigo quanto inexplicável,
Mesmo eu, somente há pouco pude entender,
Que o resgate de todas as dívidas é inevitável.

Embora creia na existência de coincidências,
Por abonarem ao livre arbítrio algum embaso,
Conheço quem defenda com grande eloquência
Que nada nesta ou em outras vidas é por acaso.

É certo que tento me esquivar de novos cotejos,
Com o pressuposto de extirpar as velhas dores,
Pois mesmo para os sentidos ainda há ensejos,
Conquanto até aqui persistam velhos temores.

No momento habito este invólucro corpóreo
Sob o amparo de criatura amorosa e augusta;
Meu coração agora é manso e não mais ignoro,
Minha amada mãe, que até no nome é JUSTA.

Houve tempos em que a divergência me afastou
E percorri léguas numa egoísta deserção insana,
Mas ao final foi o arrependimento que me restou,
Assim como o perdão daquela que mais me ama.

Foi tanto tempo desperdiçado nesta vida minha,
Em aventuras vis, longe do exercício da gratidão,
Mas só Deus sabe o quanto amo minha mãezinha;
Amor que vem da alma e preenche meu coração.

Nardélio F. Luz


Poema em homenagem a D. Justa, minha mãe guerreira.

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