quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Mulheres Songamongas x Mulheres de Fibra

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Concordo plenamente com a escritora Lya Luft no que diz respeito a um dos seus belos textos que recebi de uma amiga via e-mail, com o título “PQP”. Nesse há frases como: "Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade”, “Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos” e “Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem".

Sem dúvida a escritora se refere à literatura, contudo, a pertinência de suas frases vale para tudo o mais na vida da mulher, sobretudo a preferência dos homens.

Em outras palavras, mulher “songamonga” — que fica esperando tudo de mão beijada e não toma nenhuma iniciativa — há muito está fora de moda. Assim como também estão as que acham que nós homens somos superiores, que têm que ser submissas — dizem que há uma passagem da bíblia que afirma isso, mas lembro a todos que esse livro foi escrito há mais de dois mil anos e numa região cujos costumes se diferem dos nossos. Também está em desuso a mulher crer que as responsabilidades maiores são nossas e os direitos delas, ou vice-versa; ou mesmo aquelas que teimam em tentar imitar-nos.

O perfil da mulher do texto é o que eu e a maioria dos homens de personalidade amaríamos. Que dá o melhor de si no que faz, fazendo do seu jeito, sem se importar se está melhor ou pior que o do homem. Que respeita, mas acima de tudo exige ser respeitada. Que não se sujeita a abusos de qualquer espécie, que goze — escandalosamente ou não — sem qualquer resquício de constrangimento, e nada faça sem que esteja com vontade. Que não aceita o açoite, seja ele físico, moral ou psicológico. Que trabalha, estuda e dá duro para criar e educar os filhos sim, mas que exija o mesmo dos cônjuges e não aceite menos. Afinal, caso contrário cabe bem a máxima “antes só do que mal acompanhada”.

Foi uma assim que amei muito um dia. E é uma assim que estou aprendendo a amar hoje. A respeito, por tudo que é e representa. Pela força extraordinária que possui, pelo quanto é doce quando tem que ser e pelo quão endurece quando é necessário. A admiro como mulher guerreira, que conquanto tenha seus momentos de fraqueza e desalento — comum a todos nós —, persevera onde a maioria desiste e vence onde outras sequer sonham chegar. Por saber a hora de sentar na calçada e descansar, antes de prosseguir com a caminhada. A amo por exigir respeito, mas não antes de dar o exemplo. Por entender que um pouco de ciúme é bom, mas o excesso atrapalha e causa sofrimento mútuo sem nenhuma necessidade. Ela me fascina por confiar em mim, mas, sobretudo confiar em si mesma, a ponto de entender que um homem sem liberdade jamais conseguiria ser feliz.

Conquanto eu tenha tentado com mulheres submissas e sujeitáveis em certas alturas da minha vida — que afirmavam amar, sem ao menos ponderar sobre o verdadeiro sentido da palavra —, meu sentimento não passou de interesse superficial ou meramente sexual, que desfaleceu na primeira decepção real. Era mais uma prova da efemeridade da beleza física perante os portentos da inteligência e simplicidade, que me encantam desde sempre. Aquele amor por uma mulher de fibra — dona de iniciativa e personalidade forte — que me embalou anos a fio, só foi substituído no meu coração pelo Amor Sublime que poucos conhecem, esse que permite amar sem tocar e sentir saudade sem dor.

Claro, já fui tachado de radical, e muito provavelmente o seja, mas prefiro acreditar que sou exigente — como todos que se prezam deveriam ser —, bem como espero isso de qualquer mulher que, por ventura, venha me relacionar. Afinal, ser exigente é a prova cabal de que se ama, e é óbvio que para uma pessoa amar outra, antes precisa se amar de verdade. Quem diz “amo fulano (a) mais que a mim mesmo”, é fraco, mentiroso, sem personalidade e usa a falsa modéstia como escudo.

Sou cônscio de que, sendo como sou, é difícil cair verdadeiramente nas graças de uma mulher, mas contra possibilidades e probabilidades tem acontecido. Portanto não devo ser assim tão casca grossa, tampouco estar errado na minha visão do universo feminino. Então continuarei acreditando ter descoberto a trilha que leva à felicidade. Ao menos à fortuna a dois, pois a coletiva e pessoal eu já tenho, por ter muitas pessoas boas ao meu redor nas figuras da minha família e amigos, por estar respirando e pensando e ter a consciência de que o verdadeiro contentamento está dentro de nós, como um estado de espírito. É responsabilidade de cada um ser feliz e tal incumbência jamais deverá ser relegada a outros.


Nardélio F. Luz


8 comentários:

  1. Perfeito, concordo. Um abraço.

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  2. Ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii..mais que perfeito..voce demonstrou numa linguagem única o que é uma MULHER!!Bjokinhas

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    1. Fico muito feliz que tenha gostado, Miriam! Obrigado. Bjs.

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  3. Grande texto Nardélio. Escrever nos revela e seu texto mostra um homem que conhece os meandros da subjetividade feminina e é capaz de admirar, amar e respeitar uma mulher como ela merece.Espero que o público masculino leia e tome como exemplo. O mundo precisa de mais harmonia entre homens e mulheres e menos exploração e violência.

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    1. Obrigado pelos elogios, Heliene. Realmente tem faltado harmonia entre os homens e mulheres, acho que hoje mais que antes. O bom é que quem a pratica, é de verdade, já que a mulher não mais precisa fingir estar feliz como antes. Enfim, a mulher está cada vez mais consciente do seu papel igualitário e o homem de que a superioridade masculina é um mito quase perpetrado pelo machismo antigo, e com a consciência vem a aceitação e mudança, ainda que vagarosa. Ou seja, acho que ainda há esperança para a humanidade.

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  4. Tem gente que nos abraça com palavras ... Perfeito como sempre ;) Bjos

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